O jornal e os destaques da televisão paranaense à época. Foto: Marcelo Lancia |
Em 1996, na disciplina de redação jornalística na PUC-PR, da qual eu era o professor, os trabalhos semestrais eram a produção de um jornal que ocupasse os nichos do mercado. Um grupo de estudantes, capitaneados pelos hoje jornalistas Marcelo Lancia, Gilberto Ferreira e Marcelo Melero, criaram o "Quarto Poder", um veículo semanal que trazia notícias das redações, dos jornalistas e do mercado de trabalho em comunicação. A proposta acadêmica deu tão certo, que o veículo proposto saiu da sala de aula para ganhar vida própria no mercado.
Nesta edição, vemos que o mercado era muito, mas muito diferente do que é agora. Na época, três televisões investiam pesado em jornalismo e disputavam a audiência (e os anunciantes) com vários telejornais ao longo do dia.
Nas fotos da manchete do "Quarto Poder", os três diretores de jornalismo das emissoras de então: da esquerda para a direita, Marcos Antonio Batista, dirigia a equipe da RPC, Ricardo Kotscho, era o responsável pelo departamento nacional de jornalismo da CNT, em Curitiba, e Pedro Chagas Neto, comandava o então GPP (Grupo Paulo Pimentel), que sob seu comando deu um salto de qualidade e audiência nos telejornais.
Só estas três emissoras, empregavam quase 300 jornalistas. E a briga entre os jornais também era muito grande. Competiam no mercado a "Gazeta do Povo", "O Estado do Paraná", "Jornal do Estado", "Indústria & Comércio", "Tribuna do Paraná", "Correio de Notícias", "Diário Popular" e "Folha de Curitiba". Mas o jornal que produzia o melhor conteúdo e as melhores reportagens não era da cidade e, sim, do Interior: a "Folha de Londrina", que tinha uma sucursal enorme no Centro Cívico.
Na foto, o então diretor da sucursal da "Folha de Londrina", jornalista Deonilson Roldo , mostra como era a rotina de trabalho na redação que comandava. Os jornais eram os maiores empregadores de jornalistas no mercado. Mais de 500 profissionais davam expediente nas redações dos impressos em Curitiba.
Vinte e dois anos depois, de todos esses jornais só sobraram a "Folha de Londrina", sem ter mais uma grande sucursal, e a "Tribuna". A maioria fechou. Alguns, viraram sites, e um o "Jornal do Estado", virou "Bem Paraná", é impresso no formato tabloide e distribuído gratuitamente.
Deste mercado dinâmico e agitado, pouco ou quase nada resta.
A internet e a incompetência gerencial, em muitos casos, passaram como um furacão sobre esses veículos de comunicação não deixando pedra sobre pedra do que foram um dia...
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